segunda-feira, 20 de julho de 2015

Revolução

Está na hora! Está na hora de definirmos prioridades! Está na hora de redefinirmos valores! Está na hora de pôr fim à hipocrisia! Está na hora de o mundo ser de todos para todos e não só para aqueles que seguem as normas fictícias das maiorias.

Está na hora de o tatuado deixar de ser confundido com o criminoso. Está na hora de o deficiente deixar de ser confundido com o inválido/atrasado. Está na hora de o homossexual deixar de ser a “bicha”, o “paneleiro” ou a “bota da tropa”. Está na hora de o obeso deixar de ser o “gordo” ou o “bucha”.

Está na hora de uma sociedade, que se considera evoluída, evoluir, de facto, e de uma forma efetiva e permanente. Até que os que marginalizam e discriminam se sintam eles próprios envergonhados e marginalizados, mas pela sua pequenez intelectual.

Está na hora de o metaleiro deixar de ser o “bronco” ou o “bêbedo” e de o gótico deixar de ser o satanista e o “Anticristo”. Está na hora das “chefs” e dos cozinheiros, das canalizadoras e dos costureiros. Está na hora dos “senhores das limpezas” e das taxistas. Está na hora de o preto não ser o “macaco” ou o “escravo” e está na hora de os asiáticos deixarem de ser os “amarelos de olhos em bico” ou todos chineses.

Está na hora de pôr termo à ignorância massificada, está na hora de Allah deixar de ser o deus dos bombistas suicidas e, por conseguinte, está na hora de os muçulmanos deixarem de ser bombistas suicidas por defeito. Está na hora de Lúcifer e Satanás deixarem de ser o mesmo e de anti-religiosidade e satanismo deixarem de se confundir.

Talvez esteja na altura de o Humano deixar de ser tão Humano e, em vez disso, ser mais animalesco. Digo, mais justo, mais racional, mais fraterno, mais humilde…mais…mais…mais…no fundo mais humano…

domingo, 19 de julho de 2015

Interrogações...

Os justos sofrem,
os oportunistas vencem.
Será que vale a pena?

Os humildes rastejam,
os chupadores de sangue reinam.
Será que vale a pena?

Os honestos trabalham...
Enquanto isso, refastelados,
sobre suas pilhas de ouros furtados,
os ladrões bebem o seu suor em copos de pé.
Será que vale a pena?

Vale sempre a pena!
A honra é eterna.
A reputação também.

sábado, 6 de junho de 2015

Under a Full Moon Madness

Esta noite sinto-me só.
Apetecem-me os ares noturnos do monte. 
A brisa fresca a banhar-me a cara destapada. 
Apetece-me levar as mãos à boca, 
E, sobre ela, 
Formar com os dedos entrelaçados uma concha 
Apetece-me contrariar minha existência;
Soltar um uivo abafado e esperar pela resposta, 
De baixo de um luar poderoso... 
De um Céu maravilhoso...

Quando a resposta chegar, 
Longínqua ou não, 
Apetece-me romper pelo meio da densa vegetação 
Seguindo a resposta ao meu chamamento. 
Tornar-me Lobo e deveras ser um.

Apetece-me juntar-me a eles e enroscar-me num covil, 
Entre pêlos e respirações profundas... 
Conforto... 
Calor... 
E assim adormecer, tranquilamente, embalado pelo arfar da doce Natureza.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Homo Sapiens

Fugir. Evadir-me deste mundo nojento de gente asquerosa. Capaz das maiores atrocidades e falsidade. A minha razão de viver é fugir deste mundo povoado e dominado pela raça mais impura de todas. A raça humana.

Uma raça que significa a ruína e a extinção de tantas outras. Que constantemente contribui para o desaparecimento de indivíduos seus irmãos. Que desenvolveu um horrendo mecanismo para enganar, mentir e esconder.

Uma raça cuja única e verdadeira razão de viver é sobrepor-se aos restantes indivíduos. Profetas da ambição…hipócritas, exibem os seus crucifixos e, entre as mãos postas, seguram as 30 moedas e o punhal com que atacarão o “amigo” no peito. Corvos – com o devido respeito e pedido de desculpas, a esse animal esplendoroso, pela comparação – alimentam-se dos despojos fúnebres dos seus semelhantes, atrevendo-se ainda a lutar entre si pelas migalhas.

“Estou de luto. De luto permanente” e, por isso, como humano, cedo às imposições e estereótipos desta sociedade nefasta e mortificada e visto de negro. Negro do luto pela podridão da raça humana.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Cruzamentos

Hoje deixo aqui um texto da autoria de uma amiga, L.R., acerca das dificuldades enfrentadas, por bandas de metal, de singrar em Portugal.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Cristianismo: Porque não.

Um destes dias, uma amiga mostrou-me uma publicação num Tumblr que me fez pensar sobre algo que, embora não verbalize (ou sequer pense, normalmente, sobre o assunto) traduz exatamente a minha opinião em relação à religião, no geral, e ao Cristianismo, em particular.

No primeiro post que aqui escrevi disse-me ateu, algo que ao longo deste texto pode ser posto em causa pois admitirei, de forma hipotética, a existência de Deus.

Caso Deus realmente exista, porque havemos de confiar nele cegamente? Porque razão lhe havemos de contar os nossos segredos e confessar os nossos "pecados"? Passo a explicar de seguida estas minhas dúvidas.

Porque razão devemos confiar em alguém que, sendo omnipresente, omnipotente e omnisciente, deixa que injustiças, atos macabros e supostos "azares" aconteçam?

Por que razão hei-de adorar um deus que permite que crianças, por todo o mundo, morram de frio, de fome, sejam tornadas soldados de palmo e meio, muitas vezes depois de capturadas e obrigadas a assistir à morte do seu pai e à violação seguida de assassinato da sua mãe?

Porque havemos de seguir um deus que deixa que os seus supostos "filhos" sejam "abençoados" com doenças letais, como o cancro? Ou que permitiu que, ao longo da História, fossem cometidas barbáries em seu nome?

Não pretendo influenciar a opinião nem ofender as crenças de ninguém, apenas fazer pensar quem ler este texto. Para mim, estes são argumentos suficientes para me manter bem longe do Seu "reino sagrado".

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Fogo

Numa noite fria do mês de Novembro de ’95 jazia deitada na cama fria e desconfortável em que dormia todas as noites desde que os meus pais haviam falecido.

Apesar de desagradável, aquela cama nunca me dera tal segurança como naquela noite. O potente som da trovoada fazia-me esconder debaixo dos lençóis como um coelho dentro da sua toca.

Por cima de mim, na cama de cima do beliche, a minha irmã assistia, sentada, olhando pela janela, ao espetáculo que a mim tanto me atemorizava.

Virei-me para a parede e fechei os olhos com força para evitar ver a luz emitida pelos relâmpagos constantes. Momentos depois, quando já quase conseguia adormecer, ouvi um som; sentei-me. Era Eleanor, a minha irmã, que descia devagar os degraus desde a sua cama até ao chão. Perguntei-lhe:

- Onde pensas que vais?!

Não me respondeu, em vez disso correu descalça pela escada até ao piso térreo. Levantei-me sobressaltada e segui-a a correr. Desci as escadas em saltos e ainda vi a velha porta branca fechar-se atrás da pressa dela. Persegui-a.

De frente com a velha em que então vivíamos com os nossos tios erguia-se um velho celeiro feito de madeira pintada de um vermelho desbotado. Eu e Eleanor costumávamos ir para lá brincar pois tinha muitos lugares onde nos podíamos esconder.

Vi-a empurrar a pesada porta e entrar dentro do celeiro escuro; segui-a. Entrei e estaquei (recuperando o fôlego) perante a escuridão profunda apenas interrompida pela luz proveniente dos relâmpagos, tremia de medo. Respirei fundo e gritei com uma voz algo trémula:

- Eli! Onde estás?!

Um fardo a cair e uma risadinha. Segui o som.

Encontrei-a no andar de cima, escondida num labirinto de palha, sentada no chão com a sua boneca preferida no colo, olhando a tempestade através duma janela. Repreendi-a e corri até ela sentando-me ao seu lado.

- Não devíamos estar aqui Eli! Com uma tempestade destas é muito perigoso!

Conforme proferi a última palavra, um enorme estrondo se ouviu dentro do velho e frágil celeiro. Alguns segundos após o estrondo que pôs os nossos corações a baterem como loucos (ouvia-se ainda o seu eco) ouvimos pequenos ruídos crepitantes. Debrucei-me sobre o parapeito e vi chamas a começar a consumir a palha armazenada; gritei. Ordenei à minha irmã que se levantasse, ela olhou-me com desdém, permaneceu imóvel. Gritei-lhe novamente acrescentando desta vez que o celeiro se tinha incendiado quando um relâmpago o atingira.

Foi então que na sua pequena face se desenhou um sorriso, (imagem que nunca irei esquecer) e esta permaneceu sentada. Então, pasmada, peguei-lhe ao colo juntando todas as minhas forças, e corri descendo as escadas.

De repente senti que ela me mordia o ombro. Larguei-a com a dor, um fardo em chamas caiu entre nós, seguido de uma enorme trave de madeira. Assustada corri para a porta do celeiro abrindo caminho afastando os obstáculos. Em lágrimas, abri a velha e pesada porta com dificuldade, fechei-a com estrondo e saí. Corri, tossindo, desviando-me da construção que agora parecia um fósforo gigante.

Segundos depois, o celeiro dos meus tios desmoronou-se como um castelo de cartas em chamas, sobre o local onde estivera apenas algumas frações de segundo antes. E o fogo dominou a minha visão durante horas, horas em que permaneci sentada no chão, tão imóvel quanto Eleanor. Eleanor, minha irmã, levada pelo Fogo.

*baseado em factos reais*